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09/08/2015
I see so much green that my soul sings of joy,
The birds sing all day long and how nice is to hear them all.
Butterflies fly, showing their beauty and grace,
Which makes me remember the time when the world seemed a better place.
In the sky I see an airplane flying. What a lovely day to go on a journey!
A soft breeze touches my face and makes the flowers dance on this lovely sunny day.
Suddenly, a burst of laughter interrupts my thoughts. Looking back, I see a child, their eyes have something special and in his lips a huge smile.
A tear comes to arise, can a heart melt? Is it possible to miss something or someone when we haven't lost them yet?!
Can you tell me if I am being a little bit selfish?
I don't think I am, but perhaps you do.
You know what? If I could paint the world, I would choose the colours of happiness, love and forgiveness too.
You may be thinking I am repeating, over and over, the same things again,
And in fact, I am, hoping you can, my thoughts, understand.
All the gold and money can't buy you happiness,
And if you think they do, you will find yourself helpless.
Cristina L.
02/09/2015
Ser poeta é ser indígena de terras pilhadas
É ser vítima de saques e nobres cruzadas
É ter o deserto na pele, não sentir pudica aragem
É ter a vida como miragem
É ter o universo condensado num pensamento
Vaguear pelo inferno e saborear o tormento
É viver no chão da praça pública, e sorrir, querendo gemer
É ter sonhos nas mãos, mas deixar-se morrer
É ter fogo em sangue e não saber gritar
É ter a alma encardida e dela não se poder libertar
É ter ouro e diamantes nos pés da alma
Prendendo-a ao mundo com desdenhosa calma
É ter o Tejo nas eclusas das pálpebras
Escrever, e sem nada saber, ser mais certo que as álgebras
É passar pela vida sem a viver
É ser um transeunte anacrónico que se limita a ver
É ser-se amor, ser-se um rio de fogo ardente,
É abraçar, não morrer sem beijar, mélica e tepidamente,
O timbre das palavras que morreram no coração da amante
E fingir que o amor perdura, e que a alma é um cavaleiro andante
Elizabete Leonora (Hugo Lima Santos)
http://poeta22.webnode.pt/news/ser-poeta/
03/09/2015
Nasci tarde demais
Queria ter nascido no tempo das cartas
Depositar nelas o meu amor
E fazê-lo viajar para gratas mãos
Aguardar pacientemente a resposta
Entretendo a pena e a tinta com coisas menos sérias que o coração
E quando finalmente recebesse a carta-resposta
Relê-la vezes sem conta
Absorvendo cada palavra
Até as saber de cor
Recitá-las mentalmente ao som da tua voz roubada das memórias
E de olhos fechados
Imaginar o seu conteúdo…
Não, mais que a imagem!
Fantasiar tudo
Cheiros, sons, o toque…
O toque e o seu calor
Sorriria certamente
Sentindo os teus apaixonados lábios contra os meus
Nossos dedos entrelaçados
Ter-te sentada no meu colo
Pele contra pele…
Mas não!
Eu nasci tarde demais
Só distância fria que me gela
Só teclados e ecrãs
E eu perco-me e não me encontro
(Usa ó rato, usa ó rato)
E a memória?
Atrofiada
Quando quero-me lembrar de ti
Vem-me à cabeça outra amada
Coração, o que escuto?
Só emites zeros e uns
E velozmente
Estás com pressa?
Enfim, enfim…
Quando estou bêbado
Digo que a distância é invisível
Mas quando estou sóbrio
Penso que ela é apenas ilegível.
Guaxinim
http://folhasvazias.blogspot.pt
17/09/2015
De barco, vagueio sozinho
Perdido, ergo a fronte
E, na esperança de encontrar caminho,
Fito o horizonte
A armada foi destronada pelo sal
E os destroços o vento levou,
Corroída pelo mal,
À deriva o único sobrevivente ficou
Deixada ao relento, ao frio,
A madeira do porão vai chorando o vazio,
E vai, vai criando teias de aranha, horríveis à vista,
Que escondem os cadáveres do sol trocista
Porque, quando a grande porta abri,
Ecos solitários de vidas, meras cinzas perdidas, senti
Passagens, mortas, de turbulentas memórias recordei
E, fora de tempo, o cru aperto da solidão enfrentei
Porque o sol
A minha pele deixou queimada
E agora não sou nada
Senão pele cicatrizada
Hoje, não conheço o tamanho dos meus cabelos
Os dedos já não sentem maldade,
Nem sangram mágoas de infelicidade
As olheiras são as memórias deixadas nas estrelas,
São as esperanças afligidas,
Todos os dias mal escondidas
Por não saber quem sou,
Abri o espírito no precipício da proa,
Recordando quem por outros mares passou
E para redescobrir que neles o tempo voa
De braços abertos submeti o olhar ao mar,
Ao espelho que me há-de informar
A crueldade visual de viver,
O mostro que tive de ser
Aí, no espelho da verdade, reparei,
Os meus cabelos não tinham fim
E a minha ominosa alma, carregada, desfazia-se como o pó do marfim
Os músculos estavam dilatados,
Aguados,
E, ao fundo das minhas costas,
Reparei
Não havia ninguém para me amparar
Então, impotente, caí ao mar
Instantes Inexplicáveis
Hoje sonhei que escrevi um poema
Era espetacular
O melhor que já escrevi
Senti
Pois não me lembro de nada dele
Quando o fui mostrar às pessoas do meu sonho
Um corretor automático trocou as palavras que eu escolhi
Quase todas
E eu zangado
Furioso
Porque me tinha de acontecer isto agora
No momento em que partilho o meu poema?
E as pessoas?
Adoraram
O poema que já não era meu
Algumas ainda tiveram a coragem de me dizer que era o melhor poema que eu já tinha escrito
O desplante
E a irritação
Irritação que me fez ler o estúpido poema que não era meu
Os meus olhos abriram-se
E contrariado
Lá admiti interiormente
(Apenas interiormente…)
Que de facto o poema era melhor que aquele que eu tinha escrito
Resignado
Continuei a mostrá-lo às pessoas
E todas as vezes ele se alterava antes delas lhe porem a vista em cima
Instantes inexplicáveis
Que vastas vezes os sonhos veneram.
A lágrima que não desce
Pinta a alma de preto com sombras de felicidade,
Mas é o sorriso que não floresce
Que mancha a alma com o fulgor polar da saudade
Às sombras de felicidade, tento apanhá-las nos dígitos que teimam em sair
E, insignificantemente, arrasto as palavras, como meros traços.
Mas é ao fulgor polar da saudade a quem abro os braços,
E aperto com veemência, até a força se me esvair.
Aos dígitos, junto-os, rasgando-os, mordendo-os, sufocando-os,
Para que o passado ganhe forma e no coração não hajam mais aguaceiros
E à vida, perco-a, acariciando-a, beijando-a, amando-a,
E o presente perde-se, quando o passado se torna demasiado pesado.
E, no fim do dia, o firmamento volta a adormecer
Lembrando-nos que tudo tem um fim
Mas é ao bocejar da alvorada que o firmamento nos surge, a correr,
Lembrando-nos que temos mais uma oportunidade, assim,
As sentenças, por nós escritas, tornam-se estrelas, fazendo-nos inspirar,
E é ante o desfiladeiro afunilado da vida que voltamos a querer viver
E é ante a sombra que nos persegue que rasgámos o egoísmo,
Porque a vida que não nos mata, obriga-nos a amar.
For those that think passion is the same thing as Love, allow me to say: you are so wrong. Passion comes to an end, not Love. Passion wants a body; Love wants the person, their heart, their soul. Love is complete, passion is empty... and by the way, I hate that word. It's too worldly!
Por pessoas apaixonadas, os caminhos passam.
Julgando-se donas da felicidade, da verdadeira,
Estendem o mundo como uma passadeira,
E vão atribuindo nomes aos locais que os corações caçam
As pessoas, as apaixonadas, julgam em estado ébrio,
Bebendo de um licor vedado ao resto do mundo,
Bebendo de um poço que vai ficando sempre mais fundo,
E vão, apoiando-se só num ombro, sempre em desequilíbrio
Para as apaixonadas, o mundo que não lhes passa pelos dedos é errado
Saboreiam os beijos na secura dos lábios, um sonho recém-ateado,
Mesmo quando só o luar se faz acompanhar
Mesmo quando só o coração lhes pode cantar
Mas num dia, quiçá no seguinte, porque todos os dias são dias seguintes,
A sobriedade não lhes há de assolar o peito,
E, olhando para trás, estranhem os passos, afinal, sem jeito,
E num ápice, o mundo morto volte a acordar, um mundo de novos requintes
Os príncipes e princesas de ontem perdem as coroas
E, em vez de beijarem com o licor do coração,
Beijam com a porta da habituação,
Costumados a desperdiçar, a paixão desfaz-se como boroas.
Elizabete Leonora (Hugo Lima Santos)
O mundo como um pedaço de terra
O mundo como um cinzento manto
Onde não há diabo ou santo
Que não beije com presunção de paz ou guerra
E foi precisamente naquele pedaço de terra, vazio,
Cujas noites acarretavam sempre um incómodo frio,
Que, sem a ver nascer,
Brotou a primeira flor
Um súbito e inesperado primeiro amor,
Que num abraço minúsculo bloqueou torrentes de dor
E fez esquecer a terra do que era sofrer.
Aquela terra, ali, só, um desterro do próprio destino,
Subjugada pela sina, própria de quem se acha cretino,
Aquela, minúscula, perante tantas outras terras,
Imponentes, imensas, imóveis – mesmo ante cataclismos –
Montanhas, vales, planícies, planaltos, serras!
Mas com a flor deixou de haver dualismos,
Deixou de haver dor
A terra sabia o que era a solidão
Por isso, abriu os braços ao amor
Como um amante beija, em plena comoção
Eram tão diferentes, mas tinham algo em comum
Ambos eram crianças dando os primeiros passos no mundo do amor
E, juntos, amaram-se como quem teme agudamente a dor
E, juntos, amaram-se como se amor não existisse mais nenhum
Eram o universo um do outro,
Discutiam, arguiam ferozmente,
Por qualquer razão que para o resto do mundo era indiferente,
Mas era nessas dissensões que aquele amor se condensava,
Nos risos só deles, nas piadas que se o universo ouvisse não as encontrava,
Porque só eles eram o universo um do outro
Mas um dia, depois de um de tempestade,
O sol rasgou os céus, e mil flores floriram naquela terra,
E, num segundo, a flor, que desconhecia a saudade,
Decidiu largar a mão do amor, como quem erra
Decidiu, a flor, levianamente esquecer o tempo passado,
Somente derramando uma lágrima,
Sem escutar os gritos de solidão da amada terra, uma lágrima,
Somente uma parca lágrima,
Abandonou a terra, que ainda a acolhia, como se nunca a tivesse amado
Num silêncio cortante, fez a terra odiar
Num silêncio cortante, preferiu abalar
E, nesse piscar de olhos, trocou-a por outras flores
E, nesse piscar de olhos, trocou o amor por vários amores
Elizabete Leonora (Hugo Lima Santos)
I see the hunger in people’s eyes,
If once there was brightness, now there’s only a dark sky.
The stars are there, but they don’t shine;
The moon appears, but there’s no moonlight.
The sun could show its amazing grace, instead
It spreads its immense hate!
There are no birds flying in the firmament,
How could a single creature live in these conditions?
The human heart is harder than stone,
The poor animals died together with the human soul.
I see a big appetite in peoples’ eyes,
That hunger will end up killing them; it already took my life!
I only see emptiness and I don’t know why.
They say one day we'll have all the answers
They say one day we'll be wise.
Let’s wait and see if they are right.
Cristina L.
21/02/2016
Too much to ask...
When they offer me money, instead of their time
When they give me everything, except their smile
When all their words are beautiful, but their actions say nothing
All I have is zero; all they have is “everything”.
When they think they can find love in each corner of the street,
When all they will find is a shadow of someone that no longer exists;
When they think they are giving their best, when all they are giving is nothing at all
When they speak and their words come out, without passing first through the heart;
I stop to think that perhaps it’s too much to ask!
When the essence doesn’t matter and the appearance is everything,
When another’s happiness is not important and just theirs’ matters;
When they play with our lives, as if toys we were
And keep playing with others, as if nothing special has happened;
I stop to think that maybe I am asking for too much!
When they waste dozens of hours, but not even a minute they have
When they say beautiful words, but are not intending to keep them
When we care so much about them that their happiness is ours too
But to them, we are a number, a body without a head, a simple piece
We have to see we are fighting against the wind and we’ll lose,
Because like the wind they keep moving, even if going to nowhere;
They will get somewhere, eventually, and so, we also will:
It’s too much to ask, everything I have written here!
Cristina L.
Uma fresta nos estores abre as mãos,
Deixa o pesado maço de cigarros na mesinha-de-cabeceira
O coração está dolente, arrasta-se pelos chãos,
Evidentemente, não havia outra maneira.
Do gélido coração abro a porta,
Acendo o isqueiro e deixo-o carbonizar, bem lá dentro,
Como uma lamparina, substituindo a aorta,
Simplesmente, carbonizando, mas sem encontrar o centro.
Desarmo as frestas do estore, e vejo, vejo o vidro,
O limiar incolor que separa a inércia da rebelião.
Deparo-me com o sóbrio vidro.
E vida insurge-se contra este novo ser que reclama por significante cor.
E os polos antagónicos ameaçam guerra sem compaixão,
E eu ouso, atraído sabe-se lá porquê, quiçá com pensamento pousado numa simples flor,
Abro-o, deixo os polos bélicos beijarem-se e a vida nasce, como que por magia
Não obstante, nesse preciso momento, arrependo-me da ousadia.
A luz ferve, faz falsas felicidades, falsas formusuras, faz fossas e fealdades. Falsos foliões!
Mas, principalmente, faz monstros hediondos, camuflando-se como camaleões,
Se lhes víssemos as almas,
Decrépitas, caquéticas, esquálidas, ossudas, pardacentas, poluídas pelo tabaco da vida!
Porque as aparências, cuidadas, assemelham-se, como as industriais bonecas chinesas.
Porque, de repente, também nós nos olhamos, procurando nossas palmas,
Procuramos encaixá-las noutra metade gémea, como se houvesse saída,
Como se não estivéssemos sós, nem fôssemos nós as presas.
E em desespero procuramos ver em nós alma,
Mas não, o desejo de ser nada, de não ser autêntico, agita a calma,
Porque, aqui, só se respira no tabaco
Porque, aqui, todos bebem sangue sem olhar a quem,
Porque, aqui, todos são vampiros, canibais, assassinos, cem em cem.
Porque, aqui, o sonho é sermos o pico do mundo, carregando ouro num saco
E o nosso fumo entranha-se em sonhos alheios,
E os nossos vidros, esfumados, e por isso escancarados,
Não passam de falsos meios
Para almejar a felicidade, ignorando-nos a nós mesmos, os pobres sem passo, os verdadeiros encalhados.
Quando o sorriso murcha, a alma sufocada ganha espaço
Quando o sorriso murcha, o corpo, de si doentio, fica lasso
Sorrio, porque me recuso a desafiar
Não sorrio, sinto-me em ebulição, loucamente a vibrar
Sorrio, porque me obrigo parcamente a dizer sim
Não sorrio, deixo-me ferir em tons de carmim
Sorrio, tenho a alma encardida, numa débil tonalidade amarela
Sorrio, pego na vida como quem banalmente cospe na tigela,
Sorrio, recuso voar, voar mais alto
Sorrio, porque desisto, assim, só desisto
Desta vez, prefiro ficar pelo asfalto
Desta vez, a força, pesada, entorna-se, e não persisto
Deixo a vida entoar sem melodia
Deixo a vida derramar numa silente gritaria
Porque sorrio,
Porque não há inverno que traga mais frio.
Mas sei que é preciso não sorrir,
Se for audaz para ver diferente,
Mas sei que é preciso aceder às loucuras, e simplesmente persistir,
Se não for suficiente passar, ali, rente,
É preciso a mal sujar,
É preciso a mal não querer ficar,
É preciso a mal deixar o corpo partir
E não ter medo de não sorrir
Para um dia, quando o sorriso a mal decidir voltar,
Possa entoar cores diferentes na melodia
E encontre novos horizontes, novos passos de galhardia.
Porque quando o sorriso quer murchar,
Dêmos espaço à alma, para que possa voar
Larguemos inconsequentemente o corpo, sem medo de que se vá magoar
Porque novos espinhos trarão novas formas de sonhar,
Novos sorrisos, novas formas de aprender a amar.
Uprooted flower (dedicated to all the "flowers" of the world, with all my love)
There it was, stunning, beautifying the environment.
In perfect harmony it was living day after day,
Full of life, of hope... full of dreams.
It radiated such brightness impossible to describe...
One day a man saw it... or perhaps it was a woman?
A man or woman, it does not matter, all roads lead to Rome!
It was cut.
"My brightness will remain forever", it thought.
As if it could add some special meaning to anyone’s life.
It became harder to breathe day after day
It was painful, something was missing...
Perhaps it was its roots or who knows love instead?
It began to wither; its colours were vanishing...
The flower wanted to smile; someone would take care of it...
A hope, hopeless... thrown away!
Whilst it was beautiful, strong, full of joy and dreams
Someone stole its life, to give nothing in return...
The flower tried to cling to life; it was a constant struggle.
To find reasons to keep living was an easy task.
But, one thing was missing; one small, tiny, microscopic, invisible thing was missing
And it no longer could keep fighting without it.
Exchanges of energies no longer were happening...
It was still alive, but dead inside!
Its heart was stubborn and kept beating,
But it has been dead since the time it was cut.
Now, it is just rubbish.
Its good smell disappeared,
Its colours got lost,
Its appearance is bad
A hurt flower... uprooted because of selfishness,
To be left all alone to die.
What a loss...
Wasn’t it better to have let it stay instead?
Do you really think that anyone cares?!
Cristina L.
Quem diria que alguém tão sisudo poderia
Temer,
E antes de ter tudo, perder
Quem diria que alguém tão sem sal sentiria
O corpo bambo não mata nem salva
As mãos lassas não sabem o que obrar
As pernas espraiadas deixam-se chorar
E não há milagre que dê ressalva
Os olhos estão vergados às trevas incessantes,
Que habitam na desmesura do narcisismo, assim impõe a tradição,
Habitam, pois, nos olhares indiferentes dos viandantes
Habitam, pois, nos costumes, na social aprovação
E é na apatia que decido vibrar
É sem esperança que decido tentar
É na ausência de milagres que me levanto
E com as minhas mãos resolvo enxugar o pranto
Levanto-me de rompante
Soergo-me com paulatina contundência
E o mundo renasce, apaixonante,
Como se a luz fosse obra de deus, e não da ciência,
O fogo que acarto com veemência
Traz-me vida, lume crepitante, paixão,
E, ainda mal desapegado da decadência,
Começo a lutar, empunhando como arma o coração
E é com medo que volto a tentar
Deixo a alma escondida,
Para o corpo não saber que está a chorar,
É o preço por ousar amar
O medo de voltar a tropeçar na vida
Impede o sorriso de simplesmente desabrochar
Por isso, uso a apatia,
Um pouco de sombra para encobrir as flores do meu dia
Porque contigo o meu sorriso é mais feliz
E a paixão exala um medo cálido
E é esta paixão ardente que me torna mais pálido
Porque não há forma de esconder mais esta cicatriz
Abrir a alma dói, faz recordar
E as palavras, por curtas que sejam,
Lembram que há muito por onde magoar
E as palavras, por curtas que sejam,
Lembram que é a razão que destrói o amor
E as palavras, por curtas que sejam,
Evocam impotência, a dúvida em forma de ardor
Os carinhos reservados, que se perderam no rompimento
As promessas indestrutíveis que ficaram sem alento
E é no fundo dos olhos que dou ao amor uma nova porta
E é com o coração sem cera e com a alma torta
Que me lanço aos teus braços,
Que, fechando os olhos, decido percorrer os traços
Do teu rosto com os meus dedos
Amando-te de coração rasgado, aberto com todos os meus medos.
Elizabete Leonora (Hugo Lima Santos)