05/04/2016

Não há um único ser humano que não tenha problemas. Não há sequer uma única criatura que não saiba o que é sofrimento. Aqui estão apresentadas duas razões que deveriam sensibilizar as pessoas para tratar os outros da mesma maneira que gostariam de ser tratadas: todos nós estamos dependentes dos outros; chamem-lhe viver em sociedade se assim preferirem. Não obstante, o que se verifica dia após dia é que as pessoas são puramente individualistas; afinal de contas por que motivo se deveriam elas importar com a felicidade dos outros, hein?!

Certa vez um indivíduo me disse que no mundo virtual todos se assumem como sendo perfeitos, como se a perfeição fosse algo atingível! O certo é que as pessoas dificilmente assumem para alguém os problemas pelos quais estão a passar, o que muitas vezes, em atos de desespero, as leva a cometerem barbaridades do ponto de vista de terceiros. É tão fácil falar quando se mora na casa ao lado, não é?

E depois sempre surge esta questão: “Porque é que ele/a não pediu ajuda a alguém”?

Meu querido leitor, as pessoas lançam “silenciosos” pedidos de ajuda diariamente e várias vezes ao longo do dia. Os pedidos de ajuda estão presentes na pessoa que não come (ou que come tudo o que encontra no caminho), não trata de si, vive triste, se isola, bebe, não fala (ou então vive num estado irritadiço de manhã à noite), entre um sem fim de “sintomas” que toda a gente vê e ignora por ser o caminho mais fácil a seguir. E o pior de tudo isto é que, na maior parte das vezes, estas situações acontecem no seio familiar!

Adversidades quem não as tem? Contrariedades, contratempos, dificuldades ou outro nome que lhe queiram dar sempre estiveram, estão e estarão presentes enquanto houver vida! Peço imensa desculpa pela má notícia que acabei de dar. Em contrapartida, tenho também uma boa notícia em relação a este tema: todo o género de desventuras é amenizado quando há sensibilidade. Mas, como pedir educadamente a alguém para demonstrar sensibilidade em relação ao outro? Sinceramente, do meu ponto de vista parece-me patético pedir a um ser humano para ser humano. É como dizer a um gato que ele deve miar e não ladrar... Mas não é o miar algo natural e muitas vezes automático até?!

Há uns tempos atrás um amigo me disse que o facto de se estar vivo é, já por si, um ato de grande coragem. Quão valente se tem de ser para enfrentar as vicissitudes da vida? Todos aqueles que vivem estão enfrentando duras batalhas, daí o facto de eu apelar para a sensibilidade. Paradoxalmente ser sensível não custa nada, mas pode custar muito...

Já me deparei com muitas impossibilidades, tal como qualquer um de vocês. De facto, este blog nasceu também de uma outra impossibilidade. Não sei se atingi o objetivo inicial e nunca saberei. Resta-me esperar que sim, que pelo menos 1 de vocês se sinta bem aqui e que as minhas palavras tenham contribuído para uma melhoria, ainda que microscópica. Nunca foi meu objetivo mostrar quem eu não sou, mas também nunca pretendi mostrar tanto de mim. Nestas últimas semanas tenho vindo a alimentar um sonho muito antigo. Apesar de toda a luta e esforços também não me será possível enveredar por esse caminho. Vocês conseguem imaginar a minha tristeza, o meu desgosto, ao ouvir da boca de mais uma pessoa que era impossível? Felizmente ela era uma pessoa bem sensível, tanto que viu bem o quanto a sua resposta me afetou. Com os olhos cheios de água virei as costas e após fechar a porta do gabinete, mas ainda dentro do edifício, não consegui suster as lágrimas. Esta era a minha última alternativa para a minha vida impossível... Infelizmente também deu em nada.

E para "comemorar" mais um fracasso...

https://www.youtube.com/watch?v=kcASPx3-HuI ("trouble", who does not have troubles?)